Jornalistas e professores
“No princípio do século XX, a miséria espiritual da vida dos estudantes foi um tema filosófico que ganhou algum relevo: no princípio do século XXI é a miséria da vida espiritual dos professores que se tornou relevante. Dir-se-ia que os professores integraram completamente um hábito muito próprio da escola, essa instituição que passa muito tempo a falar sobre si própria. Se recuarmos, talvez encontremos uma justificação para esta má relação entre jornalistas e professores, que é mesmo uma inimizade se falarmos da relação entre o jornalismo e a universidade. Neste caso, trata-se de uma velha inimizade com uma história respeitável. Um eminente universitário italiano explicou-a em termos muito parciais, até um pouco arrogantes e demasiado marcados por uma pretensão de auto-legitimação: o discurso do jornalista situa-se na lógica da opinião; o poder dos professores, pelo contrário, legitima-se em termos de saber, isto é, o contrário da opinião. “
(António Guerreiro, in Público, 15/12/2017)
António Guerreiro
A profissão de professor encontra-se hoje tão deslegitimada e degradada como a profissão de jornalista.
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