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Uma semana de espanto, críticas e medos

2016/11/14

 

Faz amanhã uma semana que Donald Trump foi eleito 45º presidente dos Estados Unidos da América.

Ainda na véspera, a maioria dos analistas e órgãos de comunicação (dentro e fora dos EUA) colocavam a sua oponente, Hillary Clinton, como favorita, à frente quer no voto popular quer no colégio eleitoral (assim como previam que os democratas reconquistassem a maioria pelo menos no Senado).

Essa tendência só se começou a inverter já durante as primeiras sondagens à boca da urna, e só então muitos (inclusive, ao que pareceu, pertencentes ao próprio staff de Trump) começaram a acreditar na vitória do candidato mais impreparado e com a campanha eleitoral mais racista, misógina, antissemita, isolacionista da história dos EUA, e aquele cujos aspectos da vida pessoal que vinham a público mostravam um ser abaixo de qualquer qualificação, na relação com as mulheres (conversas de balneário, gravadas – que, é certo, levantam aspectos de privacidade), com os seus subordinados, ou com as instituições (“não pagar impostos faz de mim mais esperto que os outros”).

Muita gente se tem debruçado (e continuará a debruçar) sobre o que realmente aconteceu: se foi Trump que ganhou se foi Hillary e o partido democrata que perderam (para além dos resultados efectivos e mensuráveis, bem entendido: Trump será empossado e Hillary não…)

Refiro-me evidentemente a questões como se a candidata dos democratas foi bem escolhida, se a sua campanha foi bem conduzida, etc. etc. Porque do outro lado tudo apontaria para a pior escolha, para uma campanha destrambelhada, divisionista e exclusiva, e no entanto ganhou.

Este pequeno texto faço-o apenas para meu benefício e memória futura do que publiquei no Facebook na última semana de campanha. São pequenos textos meus, sem maior conhecimento do que aquilo que ia vendo nos órgãos de comunicação social.

É visível que não nutro grandes simpatias por Hillary Clinton, mas evidentemente preferia que fosse ela a eleita no lugar de Trump.

O post seguinte foi colocado no dia 2 de Novembro, uma semana e um dia antes da eleição. Acho que estava preocupado (nota-se muito?)

O post seguinte, colocado no dia 5 de Novembro, é uma partilha do The Economist, e tem a particularidade de contrariar o excesso de confiança dos democratas, mas no caso inverso ao que ocorreu, isto é, perder o voto popular, mas esperando mesmo assim ganhar no colégio eleitoral… Surpresas, surpresas…

O post seguinte foi colocado dia 6/11, 2 dias antes da votação, e nele manifesta-se, sobrepondo-se ao cepticismo, muito wishfull thinking (“Trump pode não ganhar”…), mas sobretudo um pouco (não tudo…) do que eu acho que está errado em Hillary Clinton (e muito mais haveria a dizer, e se calhar deveria, e só não foi por qualquer preconceito politicamente correcto, por ser mulher, por ser a candidata do “lado certo”, etc. – talvez cheguemos um dia à conclusão que criticar a tempo – se bem – o nosso lado pode ser mais importante que criticar os apoiantes do outro lado).

Eu sei que o post seguinte, uma partilhe feita na véspera do dia da votação, é mauzinho. Mas eu não esqueço que Hillary, enquanto foi Secretária de Estado no primeiro mandato de Obama, encheu o departamento de neocons que vinham dos apoiantes de Bush pai e filho, incluindo a senhora Victoria Nuland, esposa de Robert Kagan, que era um dos seus ideólogos. A senhora Nuland foi a orquestradora do cerco da NATO à Rússia e do golpe de Kiev que resultou na destituição de um presidente eleito da Ucrânia (ficou famosa a sua frase “fuck the EU”, ouvida por vários jornalistas e diplomatas, quando lhe disseram que vários países da União Europeia não viam com bons olhos as provocações à Rússia). E Hillary tem responsabilidades nos campos do ISIS em que se tornaram a Líbia, o norte do Iraque e o leste da Síria. Não as responsabilidades na criação do ISIS que Trump lhe quis atribuir, no entanto: essas são todas das aventuras de Bush Jr.

Finalmente, no próprio dia da votação, a esperança de que o Al Capone tivesse razão, porque de facto este ano os Chicago Cubs lá ganharam o campeonato deles (a que chamam pomposamente “World Series”) pela primeira vez desde 1908…

 


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